Alcochete é opção “problemática” para novo aeroporto, dizem ambientalistas

Governo aprovou esta terça-feira a escolha da localização do aeroporto, no Campo de Tiro de Alcochete. Organizações antecipam que local vai necessitar de muitas respostas ambientais.

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O Campo de Tiro de Alcochete foi a opção recomendada pela Comissão Técnica Independente para o novo aeroporto de Lisboa Miguel Manso
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No dia em que o Governo aprovou o lugar para a construção de novo aeroporto, no Campo de Tiro de Alcochete, nove organizações ambientalistas consideram que aquela “é a opção mais problemática em termos ambientais”, lê-se numa mensagem enviada à comunicação social nesta terça-feira.

O Campo de Tiro de Alcochete, juntamente com a Portela, foi a opção recomendada pela Comissão Técnica Independente (CTI) no relatório publicado no início de Dezembro último, depois de ter avaliado oito localizações para o futuro aeroporto (Portela + Montijo; Montijo + Portela; Alcochete; Portela + Santarém; Santarém; Portela + Alcochete; Vendas Novas; Portela + Vendas Novas). Já a localização do aeroporto em Vendas Novas, a segunda melhor opção na avaliação da CTI a nível global, foi a que teve melhor avaliação do ponto de vista estritamente ambiental.

Comparado com Vendas Novas, um aeroporto em Alcochete terá um maior impacto em relação às aves, às áreas florestais potencialmente afectadas e ao risco para o aquífero do baixo Tejo e Sado. Já do ponto de vista económico, Vendas Novas está mais longe de Lisboa do que Alcochete, e requer a expropriação de terrenos, uma limitação que não acontece em Alcochete, onde os terrenos são públicos.

Mas as nove associações ambientalistas, embora apreciem o processo de decisão e se congratulem com o facto de a opção do Montijo como localização do novo aeroporto ter ficado “posta de parte”, têm reservas em relação ao que deverá ser a escolha do Governo.

“Alcochete é a opção mais problemática em termos ambientais e de ordenamento do território. Muitos elementos exigirão uma resposta que antecipamos como difícil a ser dada em sede de estudo de impacte ambiental”, aponta o comunicado, assinado pelas organizações não-governamentais de ambiente Almargem, ANP/WWF, FAPAS — Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Quercus, A Rocha, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e ZERO — Associação Sistema Terrestre Sustentável.

Além disso, as organizações apontam a necessidade de limitar as operações no actual Aeroporto Humberto Delgado (AHD), enquanto este funcionar, devido ao impacto que este equipamento tem na saúde humana e no ambiente. “As medidas para o AHD continuar a funcionar até o novo aeroporto estar pronto deverão ser sujeitas a avaliação de impacte ambiental”, refere ainda o comunicado. Finalmente, a mensagem recorda a importância de investir “numa rede ferroviária que funcione em complementaridade à rede de aeroportos”.

A decisão do Governo acerca da localização do novo aeroporto foi tomada esta tarde durante uma reunião do Conselho de Ministros. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, fez uma declaração ao país sobre o assunto pelas 20h, altura em que anunciou que o novo aeroporto se chamará Luís de Camões.

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